19/11/2013
O mercado de telefonia móvel da América Latina está crescendo acima da média global, com taxa de 9% ano a ano em 2012, o que torna a região a segunda com maior expansão no mundo. Ao final do ano passado, a região representou 10% do mercado móvel global em termos de receitas (US$ 107 bilhões), o dobro do que dez anos atrás, conforme estudo realizado pela Boston Consulting Group a pedido da GSMA Intelligence e divulgado nesta terça-feira. Mas para manter a expansão - possível com reforço da venda de pacotes de dados, M2M e aplicações - o setor enfrentará novos desafios.
A região dá sinais de maturidade quanto crescimento no número de acessos ativos – o Brasil registrou declínio na comparação mês a mês no número de acessos móvel em setembro – com índice de penetração de SIM acima de 100% em muitos países. A taxa de crescimento de acessos deve ser de 5% por ano em 2016, com a penetração de conexões móveis atingindo 120% em 2017. Além disso, a receita média por usuário registrou leve declínio na região – sendo que o Arpu da região é bastante baixa na comparação com o de mercados desenvolvidos - uma tendência diante da competição e regulamentações.
Em termos de competição, a expectativa é que ela se acirre em diversos países. O Chile tem dois entrantes, a Colômbia um (com um em vias de entrar no mercado) e há expectativa de um novo player também no Peru. Alem disso, a implementação de regulamentação para operadores móveis virtuais em alguns dos países onde o mercado é mais avançado deve estimular ainda mais a competição.
As ações dos governos em termos de cortes de taxas de terminação (MTRs, na sigla em inglês) também foi estudada. Desde 2010, as taxas de MTR vem caindo no México, após intervenção da Cofetel. No Chile, está em andamento um processo para redução da MTR para quase metade. O Brasil aprovou a redução da MTR em em 2014 e 2015 em 75% e 50%, respectivamente, além de ter planos de implentar modelo baseado em custo em 2016.
Como resultado tanto da ação de reguladores quanto da competição, o preço por minuto de ligação móvel na América Latina caiu 10%, em dólares. Ainda, uma pesquisa realizada na Argentina, Colômbia, Equador, México e Brasil apontam para uma redução de 52% no preço mensal de pacotes de dados nos últimos três anos.
Novo cenário
Mas ainda há um grande potencial para expansão so setor na região, alerta a GSMA, especialmente em pacotes de dados, M2M e aplicações. Neste sentido, é um bom sinal o avanço da penetração dos smartphones. A pesquisa aponta que o porcentual de 20% da população esperado para o final desse ano, passe a 44% no final de 2017.
A perspectiva de crescimento da banda larga móvel é de 30% por ano nos próximos cinco anos. Atualmente, a região conta com 164 milhões de assinantes de banda larga, 51,41% do total de 319 milhões de assinantes únicos e 25,87% dos 632 milhões de acessos no total. O volume de dados trafegados nas redes da região deve passar de 55 mil TB por mês, em 2012, para 723 mil TB por mês, em 2017. As conexões M2M também são apontadas como um novo estímulo ao setor. A projeção da pesquisa da GSMA aponta para um crescimento de 34% CAGR, o que significa elevar os acessos de 19 milhões em 2012 para 84 milhões em 2017.
Preocupações
Apesar da GSMA apontar para um potencial significativo de crescimento e oportunidades para as operadoras de telecomunicações, a entidade que as representa também levanta questionamentos em relação ao aumento da intervenção de órgãos reguladores e governos da região.
Diversos países colocaram em prática planos de redução da taxa de terminação (MTRs, na sigla em inglês), que deve dificultar a geração de caixa para os investimentos em aplicação de cobertura e implantação do 4G. Mas a preocupação crescente do setor é quanto a reserva de frequência por governos para um operador nacional, novo entrante ou sem processo de leilão com direito a ampla participação.
A Argentina, por exemplo, cancelou um leilão e entregou as frequências para um operador estatal. A Nextel, por sua vez, conseguiu lançar sua rede 3G no México, Brasil e Chile a um custo menor do que as incumbents, alega a GSMA. Isso ocorre justamente em um cenário de pressão para liberação de espectro adequado para atender a expectativa de crescimento do consumo de dados móvel, especialmente no que diz respeito a frequências baixas, que permitem a implementação das redes 4G. “A provisão de espectro está bem longe dos 1300 MHz por país, estabelecido como meta para 2015 pela UIT”.
Fonte: TeleSíntese
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